A busca pelo sagrado se torna quase uma obsessão daquele que ingressa na Umbanda. A vontade de tocar e viver aquelas realidades proporcionadas pela mediunidade, são quase objeto de desejo, a ponto de querer comprá-las, seja com qual moeda for. Porém, a realidade que se apresenta é completamente outra, do ponto de vista prático, assim como do eu – e este eu diz respeito ao eu existencial e histórico – onde não se consegue preencher o vazio existencial de maneira mágica.
Estudar, buscar explicações, sejam na codificação espírita, seja em obras de outros umbandistas, nos remete às experiências vividas por outras pessoas, o que não significa a totalidade de seu pensamento, nem a realidade total daquela experiência. Estudar realmente vale a pena, para sanar dúvidas teológicas ou do ponto de vista científico, relativo aos aspectos da mediunidade ou da vida no mundo espiritual. Mas, por este caminho, o que conseguiremos será perceber como outras pessoas tiveram sua experiência com Deus, e mesmo assim, de maneira muito superficial, pois como mencionei, não extraímos a totalidade dos registro, e tão somente aquilo que está registrado.
Porém, o encontro com Deus, se dará de outra forma, e apenas desta: Oração, oração e oração; pedir para que Deus lhe responda, fale com você, e se revele a você. Isso somente acontecerá quando ele quiser, e também se dará da maneira que ele quiser.
Note bem, este encontro com Deus é independente do sistema de crenças religioso, sendo este um meio, e talvez até um método para se adquirir nossa própria voz, para que, através dela possamos realmente nos dirigir a Deus. Digo nossa própria voz pelo simples motivo que, não temos como nos expor a Deus que não seja confessando a Ele, quem realmente somos. Frente a Ele, nada podemos esconder, nada fica omitido, e tudo ele já sabe, até antes de nos dirigir a Ele. Porém, o fato de confessar que estamos a sua procura, e que, nossa necessidade Dele é real e sincera, nos abrimos a esta possibilidade. Para tanto, não há como realizar este ato, se não com a nossa própria voz, livre de todo sistema de crenças, de máscaras da sociedade, nem da necessidade de justificações, para nós mesmos, de nossos atos realizados a cada minuto. Veja bem, não confunda confissão a Deus, como o ato de falar para ele em oração de seus feitos, sejam eles bons ou ruins, buscando uma maneira de justificar seus atos, esta é uma prática comum, porém, não é a busca sincera.
Frente a possibilidade de não entender que o sistema de crenças da Umbanda em verdade possa parecer então, como um caminho que não nos leve a Deus, dizemos que, pelo contrário; a crença Umbandista leva sim, ao Deus da Verdade, onde todo ser humano, que é desde o momento de sua criação, filho de Deus – ou não é verdade que todo o ser que cria algo se torna seu pai, como o pai da medicina, da ciência, etc – quanto mais o criador de tudo e de todos, mas a crença Umbandista não aceita a mentira, e confessar a Deus, utilizando nossa própria voz, livre de qualquer interferência, seja ela de crença ou valores adquiridos na sociedade, nos torna o que realmente somos frente ao Criador, e por consequência, a única forma admitida pela Umbanda de buscar a Deus.
Entendeu agora o que é o “conheças a ti mesmo”?
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